Nesta segunda-feira (22), Pernambuco confirmou mais 10 casos de febre do Oropouche, elevando o total de registros da doença para 82, conforme divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE).
Distribuição dos Casos
O vírus Oropouche foi identificado em pacientes de 13 municípios pernambucanos: Jaqueira, Pombos, Palmares, Água Preta, Moreno, Xexéu, Maraial, Cabo de Santo Agostinho, Rio Formoso, Timbaúba, Itamaracá, Jaboatão dos Guararapes, Catende e Camaragibe. Os últimos 10 casos confirmados foram registrados em Jaqueira e Camaragibe.
Na semana passada, a SES-PE havia confirmado mais de 59 casos, elevando o total na ocasião para 72. As notificações são confirmadas após exames realizados pelo Laboratório Central de Pernambuco (Lacen/PE).
Investigação de Morte Fetal
A SES-PE está investigando a possível relação entre a febre do Oropouche e a morte de um feto de 30 semanas de gestação, ocorrida em Rio Formoso, na Mata Sul de Pernambuco. Esse caso é inédito na literatura científica e está sendo discutido com especialistas.
Transmissão e Sintomas
A febre do Oropouche é transmitida principalmente pelo mosquito maruim (culicoide) e pela muriçoca (culicídeo). Seus sintomas são semelhantes aos da dengue e chikungunya, incluindo febre alta, dor de cabeça, dores musculares e articulares. Em alguns casos, a doença pode levar a complicações mais graves.
Possíveis Mortes no Brasil
O Ministério da Saúde está investigando três mortes suspeitas de febre do Oropouche no Brasil: uma em Santa Catarina e duas na Bahia. Se confirmadas, essas serão as primeiras mortes documentadas pela doença no mundo. No Maranhão, um caso também estava sendo investigado, mas foi descartado. O Brasil já registrou mais de 7 mil casos da doença neste ano.
Predominância em Regiões Úmidas
Segundo Eduardo Bezerra, diretor-geral de Vigilância Ambiental da SES-PE, a predominância de casos na Zona da Mata deve-se ao fato de o vírus ter maior ocorrência em regiões mais úmidas. "O crescimento dos casos pode estar relacionado ao comportamento sazonal das arboviroses, além de uma sensibilidade maior dos municípios no registro de pessoas sintomáticas", explicou Bezerra.
Desafios no Enfrentamento Vetorial
Ao contrário da dengue, zika e chikungunya, cujo vetor é o Aedes aegypti, o vetor da febre do Oropouche é o maruim e a muriçoca, que são mais afeitos à água com muito material orgânico. Esses insetos utilizam mangues, alagados, várzeas, água acumulada em áreas com muitas folhas caídas, cultivo de bananeiras, além de áreas com esgoto a céu aberto, coleta de lixo ineficiente ou terrenos baldios.
Medidas de Prevenção
Para evitar a exposição às picadas, é recomendado o uso de roupas que protejam a pele, especialmente ao amanhecer e ao anoitecer, quando os vetores são mais ativos. O uso de repelentes adequados e o cuidado com o acúmulo de lixo também ajudam a prevenir o contato com os insetos. Não há enfrentamento vetorial químico possível, pois fumacê e aplicação local de larvicidas e adulticidas não são efetivos.
Importância da Conscientização
O Ministério da Saúde ressalta que a disseminação de conhecimento sobre a doença é crucial para a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado, contribuindo para a redução de sua morbidade e mortalidade. A febre do Oropouche pode causar surtos significativos, especialmente em áreas tropicais e subtropicais.
Este aumento nos casos de febre do Oropouche em Pernambuco acende um alerta para as autoridades de saúde, que devem intensificar as medidas de prevenção e conscientização para evitar a disseminação da doença.