Durante o período da Quaresma, marcado pelos 40 dias de preparação para a Páscoa, membros da extrema direita da Igreja Católica têm lançado ataques contra o arcebispo de Olinda e Recife, dom Paulo Jackson, e criticado a Campanha da Fraternidade, que completa seis décadas. Eles apelam para que os fiéis não realizem doações durante esse período, e seus esforços estão sendo destacados em publicidades em ônibus no Grande Recife, especialmente voltadas para o Domingo de Ramos.
Campanha Contra a Caridade e a Solidariedade
O grupo extremista Centro Dom Bosco, em um vídeo postado no YouTube, critica o arcebispo por transformar a Basílica de Aparecida e sua TV em instrumentos a serviço da Teologia da Libertação. Além disso, eles contestam a Campanha da Fraternidade deste ano, argumentando que está "adulterando as Sagradas Escrituras" ao incluir a palavra "irmãs" no versículo 8 do capítulo 23 de Mateus, supostamente para atender ao feminismo.
O vídeo também acusa a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de transformar a Quaresma em um período para formação de ativistas sociais, desviando-se do verdadeiro propósito religioso do período. Além disso, o centro religioso Confraria Dom Vital, uma ramificação do Centro Dom Bosco, financiou a circulação de ônibus com banners traseiros convocando os fiéis a não doarem durante o Domingo de Ramos.
Foto: Divulgação
Respostas da Comunidade Religiosa e das Autoridades
Essas ações geraram uma resposta firme em defesa da solidariedade e da caridade. A Câmara de Vereadores do Recife emitiu um voto de repúdio à postura dos extremistas, enquanto o deputado João Paulo Lima e Silva, da Assembleia Legislativa de Pernambuco, fez um discurso condenando tais atitudes. Além disso, entidades como o Instituto Dom Helder Camara (Idhec) e o Centro de Estudos Dom Helder Camara (Cendhec) manifestaram solidariedade ao arcebispo.
Dom Paulo Jackson, em resposta aos ataques, destacou a importância das doações dos fiéis para manter projetos sociais da Igreja que ajudam os mais necessitados. Ele lamentou a existência de grupos que se opõem à mensagem de solidariedade e ao Concílio Vaticano II. Apesar das provocações, o arcebispo optou por uma postura de oração, jejum e perdão como resposta.
Esses ataques mostram um cenário de divisão dentro da própria Igreja Católica, com grupos extremistas desafiando as orientações oficiais da instituição e questionando sua missão de solidariedade e apoio aos mais necessitados.